Ainda não esqueci.
Tempos de secura da alma.
Seriedade absoluta.
Uma cara fechada.
Um sorriso contido.
Preocupação ou desconfiança.
Muito tempo passado.
Julgo que ainda não me restabeleci por inteiro.
Ainda não esqueci.
Aquelas sombras ainda permaneceram.
Teimam em produzir calafrios.
Há criaturas que não suporto.
Os lugares de outrora não me dão mais prazer.
Penso agitado.
Vivo agitado.
Falta-me tempo.
Falta-me vontade.
Oxalá pudesse abandonaria tudo de vez.
Recomeçaria.
Aqui já não ouço o apito do trem.
Já não ouço o sino da igreja.
Cidade grande, de pedra e de luzes.
O despertador toca.
Já são quatro horas da manhã.
Mais um dia de rotina.
Olho pela sacada.
Parece que o dia será nublado.
Ainda não há prenuncio do nascer do sol.
Noite mal dormida.
Preocupações. Talvez!
Pensamentos distantes.
Coisas não resolvidas.
Objetivos ainda não concretizado.
Mudanças de plano.
Faço o café.
Lembro da minha pequena cidade.
Agora bem distante.
Ficou no tempo.
Um passado distante.
Por um momento volto a ser criança.
Revejo a figura do meu pai e de minha mãe.
Saudades.
Lembro da chuva.
Chuva que açoitava as folhas de um abacateiro que ficava no quintal próximo ao poço...
Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 03/01/2016
Alterado em 18/01/2016