Era fim de ano.
Precisamente tarde de véspera de Natal.
Todos esperavam que Ela fosse a Missa.
Era tradição ir à Missa em datas comemorativas.
O condomínio em que morava enfeitado com arvores de Natal.
Mostrando o clima de Natal que chegou.
Ela não apareceu.
Ela mudou.
Ela não mais morava no condomínio.
Agora havia mudado para um Lar de Idosos.
Provavelmente por alguma imposição.
Ou mesmo por alguma decisão sua.
Não queria atrapalhar a vida de seus filhos.
Naquela idade sentia que atrapalhava.
Estava dando muito trabalho.
Necessitava de maiores cuidados.
Os filhos não tinham tempo.
Sozinha não podia ficar.
Estava fragilizada.
Requer maiores cuidados.
Um acompanhamento constante.
Ela não se dava com a "cuidadora".
Muitas queixas.
Discussões.
Birras constantes.
Situação difícil.
Situação delicada.
Contudo, fica sempre um questionamento.
E onde entra a família e parentesco neste contexto?
E aqueles próximos aos quais os pais em vida dedicaram tantos cuidados e carinho?
Estes não tem tempo.
Não aguentam birras.
Não aguentam discussões.
Não gostam das queixas.
Não tem paciência.
E a vida mais uma vez continua nos surpreendendo.
Nunca mais a vimos.
Ficando a saudade...