É certo afirmar que alguns "contos" são mera ficção, fantasia ou quem sabe uma imaginação criativa mas, outros podem espelhar realidades vividas. E é justamente isso que venho contando aos amantes da leitura contista.
Eu na década de setenta tive a oportunidade de estudar o ginasial comercial. Foi um período significativo que dê certo modo estaria me preparando para mais tarde voltar a São Paulo. E como fora previsto assim veio a acontecer. A minha Professora Dona Luzia, corrigindo uma redação, certa vez me disse que para escrever um texto literário era necessário ter o tema, o início, o meio e o fim. Ela estava com toda razão. Por ocasião da minha primeira "monografia" de conclusão de curso, o mestre que me acompanhava afirmava a necessidade de uma clareza, de normas ortográficas, tema, desenvolvimento e conclusão dos trabalhos acadêmicos. Mas, isto é uma outra história. Como eu disse, era os anos setenta e os militares ainda governavam por aqui. Naquela época me parece que tinha algum critério para estudar no CENEJAP. Ao que tudo indicava se tratava de um curso de admissão que era obrigatório logo após a quarta série primaria. Eu não atendia estes critérios e resolvi estudar no CCP - Colégio Comercial de Pacaembu. Um colégio municipal e que era pago. Ganhei uma bolsa de estudos e fiz os quatro anos do ginasial comercial. Como vocês podem ver, o formato da escola parecia um "u", uma escadaria que dava acesso a entrada do prédio, bem ao lado a secretaria escolar sob a responsabilidade da Sra. Lomar, ao lado a sala da Diretora Sra. Odilan, a sala dos professores e um corredor com as salas de aula do curso técnico em contabilidade e o ginasial comercial. De início a minha sala era a última. Era uma sala grande e ainda tinha as carteiras de madeira para dois alunos e na parede o "quadro-negro". Da minha carteira eu via lá fora um espaço gramado, uma caixa d'água, uma lanchonete bem próxima a escada que subia até a quadra. O ensino ministrado neste colégio, ainda tinha muito da escola tradicional encontrada no ensino primário. As principais disciplinas eram: português, inglês, matemática, geografia, história, ciências, desenho, educação moral e cívica, prática de escritório, prática de comércio, educação musical e organização social política brasileira. Os professores oriundos do curso normal e científico já esboçavam certa característica de orientador do ensino aprendizagem. Uma outra lembrança dos professores: Luzia, José Batista, Wilson Mazzali, Darci, Odair, e outros. Os conteúdos eram previamente selecionados pelos professores interessados no desenvolvimento cognitivo dos alunos e na auto realização dos mesmos. No tocante a metodologia de ensino, o aluno realizava os seus trabalhos e as tarefas como forma de auxiliar na avaliação. O método de avaliação era através de provas mensais, bimestrais e exame no fim de ano. A escola nessa época era tida como democrática e para todos. As funções dentro da escola começavam a se confundir.  Era comum alguns alunos “matarem” aulas para ir ao cinema "Cine Luz". Esboçava-se aí, uma interação democrática, talvez em função da escola ser paga e os alunos em sua maioria serem adultos. As comemorações cívicas já não eram tão interessantes como na época do primário e elas estavam mais voltadas para as comemorações da  "Semana da Pátria" onde eram realizados desfiles com bandas e fanfarras, os jogos de futebol de salão e as quermesses realizadas no colégio...