Naquela época eu cheguei em Pacaembu na quinta-feira feira de manhã. Iríamos passar o feriado até domingo de Páscoa e a noite voltaríamos para São Paulo.
No dia seguinte, já na sexta-feira após a celebração da Palavra era a hora da Procissão.
A Procissão do Enterro do Senhor Morto, de todas a mais solene e comovente pois levava pelas ruas da Cidade o esquife do Senhor morto. Era precedido por um andor com a cruz despida e seguido pela imagem de Nossa Senhora das Dores. E os fiéis cantavam: "Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão". Em silencio de oração e de cântico eu segui a procissão que começara em frente a Paroquia Nossa Senhora das Graças na Avenida São João e seguiria inicialmente pela mesma avenida indo em sentido ao  atual "Terminal Rodoviário". Passamos em frente ao antigo Colégio Comercial de Pacaembu que já não funcionava há muito tempo. Viramos a esquerda e descemos a Rua Amador Rodrigues e passamos em frente ao Clube Kaikan até a Avenida Vereador José Gomes Duda. A procissão virou novamente a esquerda e passamos em frente ao Ikeda e ao Cine Luz. Tinha muita gente em frente ao cinema. Provavelmente aguardando a próxima sessão que exibiria a “Paixão e Morte de Jesus Cristo” em preto e branco. Filme este que ainda emocionava a quem assistia. A vela  acesa e os pingos queimavam os dedos. Mas, nem isso tirava o brilho daquela manifestação religiosa de fé naquele momento único. "Vitória tu reinarás, a Cruz o Salvarás".
Eram muitos os fiéis que cantavam louvores ao Cristo. O andor do Cristo seguia na frente. E a procissão seguiu em frente pela avenida até a  Rua Dr. Paulo Antônio Ribeiro Fraga onde encontraria com a outra procissão.
Já era a noite. As velas acesas clareavam os caminhos percorridos. Ao chegar em frente a igreja o povo reunido participou com muita devoção do "Canto de Veronica" uma representação religiosa muito emotiva da nossa amiga "Jandira Mendes"...