Eu naquela estação.
Não sei quanto tempo fiquei ali.
Só lembro que fazia muito frio.
Nuvens escuras cobriam o céu.
Vento gelado.
E eu andava de um lado para outro.
Talvez nervoso.
Com medo dos meus "fantasmas".
Pairava uma angústia.
Um certo receio.
Uma tristeza imensa.
E o coração apertado.
E o tempo passava.
Um olhar distante.
Uma pequena mala.
Certas coisas me vieram  a mente na viagem daquela noite fria de junho.
Eu quero aqui dizer no que se refere aos encontros que se tem nesta vida.
E o tempo era favorável pra isso.
Aquele trem levaria em média doze horas até chegar na Estação da Luz.
Aquela noite e madrugada  de viagem vieram me mostrar tantas coisas difíceis de entender e que ainda levaria alguns anos até a sua compreensão total.
É preciso entender que não adianta sair por aí desenfreado.
É preciso muita calma.
Muito discernimento nas tomadas de decisões.
E feito isso acreditar naquilo que se busca e ter esperanças que vai dar certo.
Lembra a minha família não era burguesa e nem aristocrática.
A herança herdada era dificuldades e mais dificuldades a serem superadas a todo custo para mais tarde poder apreciar a superação em um mundo todo feito contra você.
Eu já estava entendendo.
Na minha sala de aula eu era o único "pardo".
Isso me motivou cada vez mais.
Cheguei ao banco com uma "carta de apresentação".
Lembra eu já tinha um bom conhecimento de datilografia e digitação.
Foram uns doze anos de carreira bancária.
Enquanto isso nesta fase a família crescia.
E tudo caminhava na superação.
Que seja bendita a nossa coragem.
Bendita seja a nossa vontade.
E bendita seja a nossa fé  de poder vencer os obstáculos que vão surgindo em nossa "caminhada".
Não sei dizer se hoje eu faria a mesma viagem.
Mas, de uma coisa eu tenho a plena certeza se eu pudesse voltar no tempo não mudaria nada neste período.
Houve uma história muito rica de superação após aquela viagem.