A cada dia que passa é possível chegar a triste conclusão de como é difícil conseguir não só o sustento diario necessário como também ter condições melhores de vida. Uma vida movida pela teimosia de viver. E foi justamente isso que presenciei certo dia. A incansável manifestação de teimosia daquele menino, de onze anos, que acabara de assumir a responsabilidade de chefe de uma casa, e que agora vendia na feira-livre o que fora colhido no terreno embaixo das torres elétricas, que lhe fora cedido para plantar. Ele, ainda um tanto timido, em um canto, ao lado da banca de uma feira-livre, gritava sem parar para oferecer o fruto de seu suor, e que agora seria seu arrimo junto de sua família. Em um gesto nobre de quem realmente precisa sobreviver em um mundo de condições tão desigual principalmente para aqueles mais necessitados. Ele oferecia sem cessar, o que tinha a oferecer, e mesmo que alguém quisesse porventura calar sua voz mais longe ainda se podia ouvir. Ele oferecia com alegria o que já havia conquistado com seu suor. E Se sentia muito bem. Neste mundo tão desigual muitos são aqueles que esquecem de ver a harmonia da música de quem arduamente luta para sobreviver. Em meio a tudo isso ainda há aqueles que querem emudecer a voz e o modo digno de se viver, ou melhor de quem tenta sobreviver em um mundo todo contra ele um pequeno ser que desde cedo estava aprendendo a resistir com dignidade frente as adversidades da vida.
Aquele menino da feira-livre tem muito a nos ensinar...