Hoje decidi falar dela. E por que não falar dela? Afinal de contas todos sempre tem algo a contar. Eu simplesmente lembrei de contar dela. Já disseram e com toda razão a nossa vida não é o que se viveu, mas sim o que se lembra, e como se lembra de contar isso. Então ai está um bom motivo para contar um pouco dela. Ela era uma menina bem jovem e bem extrovertida para as meninas da época. Ela me lembra bem certa adolescente que ainda não tinha lá seus vinte anos, mas, já tinha um gênio forte. Já sabia o que queria nos seus poucos anos de maturidade, uma adolescente. Em pleno final de toda aquela etapa e de características que transforma uma jovem de menina para moça. Era muito rápida nas tomadas de decisões. O que porventura não era aquilo que queria descartava logo. E sem nenhum arrependimento ou constrangimento. Sem muito o que pensar. Coisa típica mesmo de adolescente que quer construir um mundo só dele. Um mundo todo voltado para si e que tem que atender os seus anseios mais reais e profundos. Apesar da sua idade ela era uma moça muito bonita. Não era uma princesa dos contos de fada. Era uma pessoa humilde e de bom carater. Tinha muitas amizades que gostavam dela. Era muito bacana ter pessoas que gostam da gente. Tinha um sorriso lindo. Eu lembro bem, seus olhos negros pareciam duas jabuticabas a cintilar naquele rosto tão lindo. De uma maciez impecável, uma pele jovem que ainda não tinha nem marcas das espinhas em sua meiga face. O cabelo negro abaixo da orelha e na frente cortado em redondo parecendo uma franja. Se bem que na época já era moda este estilo de cabelo provavelmente usado por alguma cantora da época. Tinha um gênio muito forte. Era revoltada um pouco. E ainda era indecisa em suas decisões. Desde cedo já conhecerá as dificuldades de vivência familiar. Ela fora criada pelos avós. Pois alguma dificuldade abaterá sobre sua família de origem. Eles moravam distante da atual cidade e não tinham facilidades de locomoção para constantemente visitá-los. Ela crescerá naquele ambiente familiar dos seus avós. Eles, já aposentados, com poucos recursos e uma humildade e bondade sem tamanho. Eles tinham pouca instrução escolar já que na época estudar era tão difícil e quase nada podiam ensinar para a neta. Já a neta por sua vez e em meio as tantas dificuldades e aos parcos recursos dos avós, conseguiu terminar o curso primário naquela época. O suficiente para aprender a ler e escrever e falava muito bem sabendo expor suas ideias e sonhos. Ela trabalhava de empregada doméstica. Precisava ajudar financeiramente na casa dos avós. Não cursou datilografia. Gostava de música. Sabia dançar. E como dançava...
(*) uma homenagem a todos os namorados que, apesar de tudo ainda acreditam no Amor!