Quando nós temos tempo disponível e olhamos para as nossas realidades interiores, como é bom reconhecer em nós a semente do bem! Como é bom e gratificante compartilhar o bem e tudo aquilo que é bom durante tantos e tantos anos de uma vida a dois sem fim. Como é bom ter frutificado sempre dentro de cada um de nós as boas ações e os bons exemplos. Como é bom ver o quanto ainda nós somos capazes de amar, de perdoar, de querer o bem, de fazer o bem para as pessoas e fazer o bem pra nós mesmos. Como é bom acreditar de novo após uma decepção, de tratar bem quem não gosta tanto de nós. É muito bom constatar os frutos divinos da obra de nosso Criador dentro do nosso coração e que carregamos em nossa alma. Por outro lado como é duro ter que reconhecer o joio que muitas vezes rondava dentro de nós. Um joio teimoso que ainda está lá dentro de cada um de nós e que, muitas vezes, nos leva a cometer atos que jamais esperamos e nem queremos. Como é difícil acolher dentro de nós aquela nossa incapacidade de amar, a nossa ruindade, o nosso desejo de vingança, o nosso preconceito, a nossa individualidade, o nosso egoísmo, a nossa mania de grandeza em um mundo onde tantos sofrem com a fome, com o desemprego, com a miséria e ainda muitas vezes temos o desejo de querer o mal para certas pessoas, a nossa incapacidade de perdoar uma ofensa, a nossa mania grosseira de resolver as coisas. E o "Sacerdote" naquela manhã de domingo logo após a homilia chamou aquele casal já idosos até o altar para a renovação das "Bodas de Ouro", cinquenta anos juntos em uma vida sem fim. Deve passar um filme neste momento tão sublime da renovação de um matrimônio que já dura cinquenta anos. De longe muito pouco se ouvia o que aquele casal dizia um para outro. Certamente a voz embargada e emocionada por este momento único. Quantas e tantas coisas e momentos foram vividos e compartilhados por aquele casal. Mas, nem precisava dizer nada ! Era só repetir o que o Sacerdote dizia ao "pé do ouvido" dos dois. Depois de cinquenta anos de uma vida a dois onde tudo e todos os momentos foram compartilhados agora nem precisa mais falar mas sim o exemplo que já foi dado. Os filhos, os netos são testemunhas vivas de uma convivência tão longa que até hoje os frutos e os exemplos foram deixados para que outros os sigam. "Minha casa é uma casa pequenina cabem cinco mas abriga muito mais. Nas janelas tem um jogo de cortinas que tremulam qual bandeira pela paz. Duas mesas, um sofá, quatro cadeiras quase tudo a gente tem que repartir. As cadeiras, o sofá, o pão e o vinho as lembranças, as tristezas e o sorrir..." Não dá pra esquecer um momento assim que ficará eternizado na mente e na alma daqueles que compõe a família e o casal sabe muito bem disto.