A cada dia que amanhece eu convoco a memoria dos muitos acontecimentos passados e vividos que me revelaram a tão desconcertante verdade. Eu ritualizo diariamente a incorporação do homem de Deus que ao rei fora apresentado naquela manhã. É nele que encontro o meu destino final e meu projeto de vida sob todos os aspectos. É a partir de tudo isso e a partir deste homem Deus plenamente santificado que me posiciono como um ser diferente e obediente a toda forma de lei existente, pois nela eu descubro um instrumental que poderá me favorecer muito a chegar perto daquilo que pretendo me tornar um dia. Eu sou assim sempre um imenso território de muita contradição. Mas, ao contrario a minha conversão consiste em avançar na dissolução de toda uma trama onde me refugio e me contradigo. Consistindo em administrar os efeitos da minha vulnerabilidade que nunca deixa de me habitar. A vida espiritual é assim mesmo, é uma travessia que nunca termina. Quando vejo o alaranjado da manhã que chega passando pela fresta da minha janela outra coisa não penso senão rezar. E sob a graça da divina intenção tomo nos braços o novo dia que chegou e com ele me identifico. Somos iguais. E naquela manhã eu tinha a plena certeza da necessidade de buscar um novo mundo a conhecer. Agora nada e nem ninguém por perto eu teria. Aquilo tudo que já fora ali vivenciado até este momento não faria mais parte! Aliás, não tinha como fazer parte do que viria pela frente a partir daquela manhã. Tudo aquilo a partir de agora ficaria na memória do passado e no tempo! E lá ficaram as amizades, pessoas conhecidas, parentes, familiares e tantos outros que fizeram parte do meu mundo de infância e do meu mundo da juventude. Agora, ao que tudo indicava era uma viagem de ida sem volta! A partir daí outros caminhos irão surgirem. E a espera de um novo prenúncio de uma vida nova que haverá de chegar.