Pagu, ou simplesmente Patrícia Rehder Galvão defendia a participação ativa da mulher na sociedade e na política - e foi a primeira brasileira do século 20 a ser presa política. Aos 15 anos, já colaborava com o Brás Jornal, assinando como o pseudônimo de Patsy. Na década de 1940, tornou-se colunista fixa no jornal Diário de S. Paulo, no editorial Suplemento Literário. Aos 18 anos, Pagu filiou-se ao movimento revolucionário modernista e também ao Partido Comunista. Foi apresentada aos artistas Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, com o qual casou-se dois anos depois. Com Oswald, iniciou de vez sua participação política e lançou periódicos como O homem do povo, em oposição ao regime conservador e de direita. De acordo com seu biógrafo Augusto de Campos, o apelido Pagu foi dado pelo poeta Raul Bopp, quando Patrícia lhe mostrou alguns poemas. Bopp sugeriu que ela adotasse um nome literário feito com primeiras sílabas de seu nome e sobrenome: Pagu. Foi um engano de Bopp, pensando que a moça se chamasse Patrícia Goulart. Mas ele escreveu um poema para ela, O coco de Pagu, e o apelido pegou. Que jovem do seu tempo teria a ousadia e a curiosidade de entrevistar uma figura da importância de Sigmund Freud? Que adolescente de classe média, formada em uma escola tradicional paulistana, abriria mão do seu conforto para enfrentar a polícia nas ruas, ao lado de operários, lutando por uma causa que ela abraçou como sua? Que mãe abdicaria do prazer de acompanhar de perto o crescimento de seu filho em nome de um ideal maior, que ela acreditava poder se estender a toda a sociedade? Pagu teve a coragem de fazer tudo isso, numa época em que as mulheres no Brasil ainda nem podiam votar.