Eu, hoje com meus 68 anos, sempre achei que certas notícias ou informações devem ser ditas de forma correta, em tempo hábil, sem muitos rodeios frente a uma possível nova realidade que virá após certos diagnósticos dados sobre a atual condição de um certo paciente. Sim, é verdade que pode até ser doloroso, para o paciente e seus familiares, porém, certas notícias tem que ser dadas. Não tem outro jeito e isso constitui um dever o paciente saber qual é o seu diagnóstico médico. Maria e Esther estão em meio a pesadas perdas. Maria é uma imigrante salvadorenha que perde o emprego injustamente por faltas ao trabalho após adoecer e também está terminando um relacionamento doloroso com seu companheiro. Dona Esther, é uma senhora idosa já com diagnóstico de Alzheimer, e claro já está perdendo aos poucos a sua memória e, com ela, suas lembranças mais importantes. Em meio a isso, elas constroem uma amizade especial e profundos questionamentos sobre o esquecimento, que resultam em uma reconstrução completa de Maria, além de proporcionar o bem estar necessário a Esther e sua filha, Soledad, em seus momentos mais delicados. Eu confesso aqui que não sou especialista no assunto e nem tenho formação específica para definir o que é o Alzheimer. Mas, pelo que se sabe tudo começa quando as células do cérebro no hipocampo, uma parte do cérebro associada com o aprendizado, são normalmente as primeiras a serem danificadas pelo Alzheimer. É por isso que a perda de memória, principalmente a dificuldade em lembrar certas informações recentemente aprendidas, é normalmente o primeiro sintoma da doença. É um fato real e vivenciado. Em agosto de 2013, mais precisamente, em um velório, encontrei uma tia que naquele momento ela estava ali sentada quietinha e acompanhada por outra tia. Ela era uma pessoa muito simples. Note bem que eu disse ela era! Ela era uma dona de casa e cuidava de todos os afazeres domésticos. E naquela noite, naquele velório, lá estava ela ali sentadinha, quietinha, eu lembro bem como se fosse hoje, eu cheguei perto dela e a cumprimentei. Bença tia, como está a senhora? Ela toda sorridente me perguntou quem é você? Eu falei tia a senhora não lembra de mim mas eu lembro muito bem da tia. Talvez tenha sido essa uma das últimas vezes que conversei com ela. Em outra vez que a vi ela já estava acamada. E em outra vez não falava mais e nem conhecia mais ninguém...